O Outono passou, chegou o Inverno, frigidíssimo. Uma manhã, Pedro entrou na biblioteca onde o pai estava a ler junto ao fogão, passou um momento os olhos por um jornal aberto, e voltando-se bruscamente para ele disse-lhe:
- Meu pai, venho pedir-lhe licença para casar com uma senhora que se chama Maria Monforte.
Afonso pousou o livro aberto sobre os joelhos, e numa voz grave e lenta disse para o filho.
- Não me tinhas falado disso… Creio que ela não é de boa família, é filha de um assassino, de um negreiro…
- Meu pai!...
Afonso ergueu-se diante dele, rígido e inflexível.
- Que tens a dizer-me mais? Fazes-me corar de vergonha.
Pedro, mais branco que o lenço que tinha na mão, exclamou todo a tremer, quase em soluços:
- Pois pode estar certo, meu pai, que hei-de casar!
Saiu, atirando furiosamente a porta. No corredor gritou pelo criado, muito alto para que o pai ouvisse e deu-lhe ordem para levar as suas malas para o Hotel Europa.
Dois dias depois Vilaça entrou em Benfica, com as lágrimas nos olhos, contando que o menino casara nessa manhã – e segundo lhe dissera o Sérgio, procurador do Monforte, ia partir com a noiva para a Itália.
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