12º H : "sempre na lua"

                                                                                                     

Pedro da Maia, rapaz mole e instável



Afonso da Maia e a mulher, Maria Eduarda Runa, regressam a Portugal e vão viver para a casa de Benfica.

O Pedrinho estava quase um homem. Era pequenino e nervoso como a mãe; a sua linda face oval de um trigueiro suave, dois olhos maravilhosos e irresistíveis, prontos sempre a choramingar, faziam-no assemelhar a um árabe. Crescera sem curiosidades, indiferente a brinquedos, a flores, a livros. Era em tudo um fraco; tinha crises de melancolia, que o traziam dias e dias mudo, murcho, amarelo, com as olheiras fundas como se fosse já um velho. O seu único sentimento vivo, intenso, era o da sua paixão pela mãe.

Afonso tinha querido mandar o filho estudar para Coimbra, mas a pobre da mãe pusera-se de joelhos diante de Afonso, balbuciando e tremendo: e ele, mais uma vez, lá cedeu perante as súplicas daquelas mãos de mãe, cedeu perante as lágrimas que caiam quatro a quatro pela face da pobre senhora. Pedro continuou em Benfica, dando lentos passeios a cavalo, com o criado fardado sempre a acompanhá-lo.

Quando a mãe morreu, Pedro teve uma dor tremenda. Durante muitos meses, vestido todo de negro, apenas saía para ir visitar a sepultura da mamã…

Esta dor exagerada cessou por fim; e sucedeu-lhe, quase sem transição, um período de vida turbulenta, cheia de estroinice, em que Pedro procurava afogar em botequins as saudades da mamã. Mas essa exuberância ansiosa que tinha aparecido tão subitamente, tão tumultuosamente, na sua natureza desequilibrada, acabou-se também muito depressa. Também esta forma de vida não durou muito tempo.









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