Afonso da Maia estudou literatura inglesa; interessou-se pela cultura, por cavalos, pela prática da caridade; - e pensava com prazer em ficar ali para sempre naquela paz e naquela ordem.
Mas Afonso percebia que sua mulher não era feliz. Estava quase sempre pensativa e triste, tossia sempre pelas salas. À noite sentava-se junto do fogão, suspirava e ficava calada…
Pobre senhora! A nostalgia do país, da parentela, das igrejas, fazia com que ela ficasse cada dia mais doente. Ela era uma verdadeira lisboeta, pequenina e trigueira, sem se queixar e sorrindo timidamente, odiava, desde a sua chegada a Inglaterra, aquela língua estranha, aquelas pessoas com outra religião. Ela, só à noite, indo refugiar-se no sótão com as criadas portuguesas, podia rezar o terço.
Odiando tudo o que era inglês, não consentira que seu filho, o Pedrinho, fosse estudar para o colégio de Richmond. Afonso, para a tranquilizar, dizia-lhe que o colégio era católico, mas a pobre senhora não acreditou e mandou vir de Lisboa o padre Vasques.
Às vezes, Afonso interrompia as lições do padre e agarrava na mão do Pedrinho para o levar, para correr com ele junto ao rio Tamisa. Mas a mamã vinha logo a correr, cheia de terror, para embrulhar o menino numa grande manta. Pedro, quando estava na rua, como estava acostumado ao colo das criadas e aos mimos da mamã, tinha medo do vento e das árvores. O pai ficava pensativo e triste por ver a fraqueza do filho…
Afonso era um pouco baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes: e com a sua face larga de nariz aquilino, a pele corada, quase vermelha, o cabelo branco todo cortado à escovinha, e a barba de neve aguda e longa – lembrava, como dizia Carlos, um herói dos tempos antigos.
Afonso amava os livros, a comodidade da sua poltrona, o seu jogo de cartas ao canto do fogão.
Vilaça vinha encontrá-lo muitas vezes ao canto da chaminé, sereno, risonho, com um livro na mão e o seu gato aos pés. Este pesado e enorme angorá, branco com malhas louras, era agora (desde a morte de «Tobias», o soberbo cão são-bernardo) o fiel companheiro de Afonso. Tinha nascido
1. Acabaram as obras no ramalhete, mas a casa continua sem moradores. Qual a razão?
2. Quando é que o avô de Carlos da Maia decidiu vir instalar-se no Ramalhete?
3. Quantos anos viveu Afonso da Maia
4. Que confissão fez Afonso da Maia ao procurador?
5. Explique a razão pela qual Afonso da Maia ficou a viver no Ramalhete.
6. Faça a descrição do jardim da casa do Ramalhete.
7. Como classifica o narrador presente neste texto?
II
1.1. arranjada, reparada, laranjada, consertada, restaurada
1.2. chegada, aparecimento, vinda, jantarada, regresso
1.3. confessou, revelou, declarou, passeou, anunciou
1.4. triste, chorosos, presunçoso, desgostoso, magoado
1.5. bela, curiosa, formosa, graciosa, harmoniosa
2.1. vazia
2.2. chegada
2.3. começar
2.4. simpático
2.5. clara
3.1. Afonso da Maia queria viver _________ o neto _________ Lisboa _________casa _________ Ramalhete.
3.2. Carlos da Maia saiu _________ Coimbra, passou _________ Paris e _________ Londres e demorou-se bastante tempo _________ Oslo.
O jardim do Ramalhete não era como o de Santa Olávia.
O jardim tinha um ar simpático.
4.1. Transforme as duas frases simples numa frase complexa, estabelecendo entre elas uma relação de oposição.
5. Encontre a personificação que se encontra no texto «Afonso da Maia vem viver no Ramalhete no Outono de 1875».
6. Escreva uma frase em que esteja presente uma personificação.
A casa, depois de arranjada, ficou vazia, enquanto Carlos, já formado, fazia uma longa viagem pela Europa; - e foi só nas vésperas da sua chegada nesse limdo Outono de 1875, que Afonso se resolveu a deixar Santa Olávia e vir instalar-se no Ramalhete. Havia vinte e cinco anos que não via Lisboa:; e, passados poucos dias, confessou ao Vilaça que estava com saudades da calma, tranquilidade e sossego de Santa Olávia. Mas, que remédio! Não queria viver separado do neto; e Carlos agora tinha ideias sérias de começar a trabalhar
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